A MAIS BELA PRENDA DE NATAL

A pedido da amiga Isabel do blog http://licas-ontemehoje.blogspot.com/ apresentei a concurso, no seu blog, o conto de Natal :  A mais bela prenda de Natal.
Fiquei em 3ª lugar, o que não é nada mau já que se apresentaram 10 concorrentes com belissimos contos, mas o mais importante foi mesmo ter conseguido um tempinho para recordar aqui uma maravilhosa história verdadeira, que me fez recuar no tempo mais de 30 anos.
Como continuo sem tempo para escrever, aproveito este conto para  actualizar a minha casinha e acima de tudo desejar a todos os amigos e seguidores um SANTO E FELIZ NATAL.
Que o Amor e a paz estejam sempre presentes na vossa vida.


Acordei sobressaltada com o som do despertador que se recusava a parar. Se calhar queria que acordasse rapidamente mas os olhos recusaram-se a abrir e um bocejar deu a entender que ainda era cedo.
Espreguicei-me, silenciei o despertador e continuei de olhos fechados saboreando o conforto da cama.
Lá fora o vento soprava de mansinho, ouvi o barulho do espanta espíritos pendurado no terraço no inicio da Primavera e uma voz interior que teimava em segredar-me uma boa noticia.
Oh, estava para breve a entrega da minha prenda de Natal!
Aconcheguei a roupa e desejei ter ali a minha mãe com aquele ar bondoso e meigo.
O brilho intenso do primeiro raio de sol entrou pela janela do meu quarto acariciando-me o rosto. Acreditei que tinha sido enviado por ela; afinal podia estar ali e no céu ao mesmo tempo.
Sorri ao lembrar-me que faltavam apenas 19 dias para celebrar mais um Natal.
Vieram-me recordações à memória: gostava do frio do mês de Dezembro, dos nevões que tornavam a minha cidade linda, dos Natais da minha infância onde não faltava o presépio, a missa do galo, o pão do Menino Jesus e o sorriso da minha mãe. Cheiros e sabores misturaram-se harmoniosamente na minha mente conseguindo imaginar cada momento feliz que tinha vivido.
Para mim o Natal era mágico!
Voltei a sorrir acariciando o corpo suavemente sentindo a vida pulsar dentro de mim. Sabia que grandes e novas emoções me esperavam, o coração bateu devagarinho e agradeci aquele novo amanhecer.
Levantei-me a custo, abri a porta do quarto do meu filho e beijei os cabelos dourados que emolduravam o seu rosto lindo e inocente. Parecia um anjo!
Ali estava o ser mais importante da minha vida e agradeci a Deus aquela dádiva maravilhosa.
Dois fortes pontapés, no meu ventre, lembraram-me que não era altura para recordações, lembranças de infância com cheiro a bolinhos de jerimú e bolsos cheios de confeitos.
- Tiago, sabes que o maninho(a) está quase a chegar, perguntei?
- Sei, o papá já me disse, respondeu com ar malandreco.
- Estás feliz?
- Sim, já sei que vou ter com quem brincar, mas gostava tanto de ter uma maninha!
   Oh mamã, vai ser uma maninha, não vai?
Batia as palmas de contente e um brilhozinho no seu olhar confirmou toda a sua agitação e impaciência…andava assim há já alguns dias.
- Não sei, respondi pensativa. Talvez seja!
Senti que a sua impaciência era grande, tão grande como a minha.
Seria perfeitinho? Seria menino ou menina?
Deixei-o entregue aos cuidados da Tité e prometi voltar em breve.
Eram 13h quando colocaram uma linda menina nos meus braços.
Um choro que cessou ao encostar a sua cabecinha ao meu peito, fez-me abrir os olhos. O primeiro olhar, o primeiro beijo, o primeiro abraço tornou-me no ser mais feliz do mundo.
Uma menina!
Estaria a sonhar, estaria ainda adormecida ou estava a viver aquele momento feliz, consciente do que acabava de me acontecer?
Durante toda a gravidez desejei ter uma menina, uma filha de corpo e alma, e ali estava ela encostada ao meu peito, parecendo uma estrelinha brilhante caída do céu. Apertei-a contra o peito com muito amor, sentindo que a partir daquele dia nada seria como dantes. As lágrimas correram pelo meu rosto ainda jovem e agradeci aquele momento único e de rara beleza.
Passaram alguns dias e a noite de Natal chegou!
Uma vez mais  nos reunimos  e  naquele ano a menina pequenina, tão linda, serviu de Menino Jesus àquela família numerosa e unida.
Estava feliz e sabia que todos celebravam comigo essa felicidade.
Este presente Divino, no Natal de 1979, mudou para sempre a minha vida.
A nossa ligação foi e é tão forte que hoje, passados 31 anos, olho com amor e gratidão a filha que em breve será mãe.
A vida é um milagre!
Um milagre que acontece quando compreendemos que a vida é simplesmente amor.