OUTONO NO GERÊS


Agradeço o Convite do blogue  Espaço Aberto, para participar na 1ª. postagem colectiva com o tema "Outono".
E, porque adoro caminhar resolvi partilhar uma deliciosa caminhada feita no Gerês onde, juntamente com um grupo de amigos, vivi momentos únicos e inesquecíveis.

Venham comigo e sintam a sensação da verdadeira liberdade e felicidade.

Terras do Bouro
Trilho Águia do Sarilhão – Campo do Gerês

Gerês- Portugal


Iniciamos a caminhada de manhã cedo.
O céu envolvia-nos com o seu manto azul e o sol começava a espreitar atrás das montanhas.

o início da caminhada
Rapidamente surgiu o trilho, de terra batida, ladeado por densa vegetação.
As cores misturavam-se com tal mestria que a paisagem era ainda mais bela do que habitualmente.
Os tons verde, castanho e dourado combinavam-se com tal harmonia que faziam inveja a qualquer artista que por ali passasse.
Carvalhos e medronheiros deixavam cair seus frutos maduros e um tapete de vários tons estendia-se à nossa passagem.

uma paisagem bonita faz-nos soltar lindos sorrisos

Medronhos!
Oh, que frutos pequeninos e saborosos…….sorrisos, recordações, olhos brilhantes, bocas vermelhas.
Aconselhados pelos mais velhos, os mais novos do grupo quiseram experimentar.

Ah, afinal são tão bons e saborosos… sorrisos, olhos brilhantes, bocas vermelhas.
  
medronhos maduros

Tempos que voltaram e que se viveram tão intensamente como outrora.
São estas pequenas coisas que nos tornam verdadeiramente felizes!
A descida, a subida e lá estava o cume de uma rocha granítica gigante.
 Que magnífica paisagem!
Que liberdade!
O sol, a água, a terra e o vento.
A natureza em perfeito equilíbrio!


sentindo o calor do sol de Outono


Ao longe as águas, represadas pela barragem que atravessam a serra do Gerês, eram azuis e, com o calor que se fazia sentir, convidavam a um bom banho ou a um passeio romântico de barco.
Por segundos lembrámos que debaixo daquelas águas ainda existem as ruínas das velhas casas de pedra de Vilarinho das Furnas mas os medronheiros, acessíveis às nossas mãos ávidas de colher esses frutos vermelhos e maduros, e as pedras lisas onde nos sentámos e deitamos  para saborear aquele sol tão quente de Outono rapidamente nos fizeram esquecer essas tristes lembranças.

A hora do almoço aproximava-se e voltámos ao caminho.
Depois de uma subida lá estava a descida por entre pedras soltas e gastas pelo tempo.
Pé aqui, escorregadela ali e numa sinfonia deliciosa de pés, um aiiiii se mistura com o canto mavioso dos pássaros e dois caminhantes rolam naquelas pedras cheias de segredos.
Ui, uiiii...braços arranhados, cabeça esfolada, coração batendo apressadamente e rapidamente socorremos aqueles caminhantes corajosos, que num ápice  se recompuseram para terminarem a complicada descida.

 momentos para mais tarde recordar

Paralelo ao rio, o caminho era de novo de terra batida onde não faltavam amoras maduras e saborosas prontas a serem colhidas.
As abundantes silvas, emaranhadas, trepavam nos muros cobertos de musgo verde fazendo com que voltássemos ao passado.
Oh, musgo!
O Natal, o presépio, a infância…tantas recordações!
O chão era coberto de cogumelos, bolotas e folhas amareladas caídas de carvalhos seculares.
Tantos segredos que escondiam aquelas árvores gigantes e por momentos senti o seu abraço de protecção e cumplicidade.
Um sorriso desenhou-se no meu rosto cansado e senti-me una com a natureza.
Que sensação maravilhosa e que mistura de cores e de sabores tão harmoniosa.
 Bendita natureza!
Um lugar aprazível, cheio de relva, foi escolhido para o almoço e merecido descanso.
Deixando que o suave vento de Outono levasse para longe nossas preocupações, deitámos nosso corpo na relva verde e macia para relaxar, ao som da voz de uma caminhante.
Mais tarde, no silêncio da serra, descansaram uns enquanto outros observaram, com um sorriso no rosto, as massagens que se iam fazendo em nome do bem-estar e do equilíbrio do corpo e da mente.
Momentos de verdadeiro relaxamento!
Momentos de silêncio interior e exterior!
Momentos de sorrisos, de sonhos, de perguntas, de respostas….
A natureza e nós!
E, eis que o silêncio se quebra ao som de chocalhos das cabras montês que num instante invadem o nosso refúgio.

 cabras montês

O enorme rebanho que nos rodeou, nuns escassos segundos, fez-nos soltar risos e exclamações!
Tanta cor, tanta vida, tanta sabedoria!
Os saltinhos sábios dos cabritinhos para passar o riacho, que corria vagaroso mesmo à nossa frente, e o olhar atento do cão, que na sua missão de guarda certamente contava uma a uma cada cabra do seu rebanho, fizeram as nossas delícias.
Pensei nesta altura que é vivendo momentos de beleza e simplicidade como este, que nos tornamos em seres mais conscientes e mais sensíveis para podermos sentir a verdadeira essência da natureza.
O silêncio da serra voltou e com ele mais momentos de verdadeira tranquilidade e liberdade.
Tanta paz!
Olhos que se fechavam enquanto os corações batiam calmamente.
Olhos que se abriam para olhar os últimos raios de sol daquele dia de Outono.
Por ali ficamos mais algum tempo saboreando cada instante e agradecendo à natureza tanta generosidade.

Obrigado Mãe Terra!
Obrigado PAI!

INQUIETAÇÃO

fotografia do amigo Luís

Inquieto meu ser chora no tempo
é este o meu tempo...
olhos parados cegos de justiça
estrela cintila agitando a mente,
quadros pintados  pincelam
a alma dorida.
Sorriso  apagado no mar da injustiça
palavras ao vento sossegam a alma.
Volta o sorriso!
Nova madrugada...
beleza pintada no jardim florido da minha vida.

À TUA ESPERA

Mondim de Basto - Julho de 2009

Na espera do abraço
no cansaço da espera
entre espasmos do sentir
sorrisos espreitam.
Entre o verde da montanha
embrulhado em sol dourado
espraias-te sem cerimónia.
Celebras deslumbrado
a pureza da minha alma
despida de sofrimento
desejosa de voar
no espaço do teu olhar.

NUM DIA SEM SOL

Rio Douro - a caminho de Foz Côa

Num dia sem sol
as palavras saídas da tua boca
iluminaram o meu caminho.
Não entendi...
 mas escutei com atenção a tua explicação.
O teu sorriso cativou-me,
tua voz doce orientou-me.
Partiste no dia em que aprendi a voar.
Desorientei-me,
caí, ergui-me sozinha,
nunca mais deixei de voar!
Numa tarde cinzenta,
 um raio de sol entrou
pela fresta que deixaste na tua partida.
Voltei a sorrir!
A luz foi aumentando,
o caminho tornou-se mais fácil.
Aprendi a encontrar-te no silêncio,
nas longas ausências.
Perscruto teu sorriso
nos olhos de uma criança,
sinto o teu amor
quando olho o sol deitar-se no mar.
Escuto a tua voz  no canto do rouxinol,
converso contigo em noites de luar.
Um dia voltarás a iluminar o meu caminho
A minha luz iluminará também o teu,
mesmo num dia sem sol!


poema  dedicado a um ser humano maravilhoso que me ajudou no início da minha caminhada....para ele todo o  meu carinho e amor incondicional.

SIMPLICIDADE

imagem de Manuel Luis

Olho para ti
admirando o renascer da tua vontade,
o primeiro passo
no caminho da tua verdade.
Admiro a exuberância do teu caminhar,
o sorriso do teu amor, o nascer da tua aceitação
a caminho da  transformação.
Vou ao encontro do teu abraço
mergulhada no mar de incertezas.
Olho-te com candura
sentindo o doce sorriso do teu ser
que celebra  o despertar olhando o céu.
Tanta simplicidade!
Senti que o meu lugar é aqui
juntinho a ti,
amando-te ...
relembrando a minha  unicidade.